Digníssimos leitores!
Vamos tratar de um assunto muito importante neste artigo, que trata das desigualdades sociais em nosso país e que podem ser facilmente visíveis na arquitetura urbana das cidades.
Como ilustração falarei de uma experiência que tive recentemente, no desempenho de minhas funções, procurando contextualizar a grave crise social que se instalou em nosso país.
Nosso país possui um imenso território, com variações diversas de estruturas sociais, contrastando o visual de grandes condomínios de mansões e favelas.
Nesta histórica e constante disputa social pela ocupação do solo, encontramos um caso polêmico, que passo a narrar desde já!
Participei recentemente de uma expedição a Praia do sono, localizada na região entre Paraty e trindade no Estado do Rio de Janeiro, onde se situa uma pequena comunidade de pessoas, conhecidos como "caiçaras", um povo que segundo a história, foi a miscigenação de europeus, negros, índios e até chineses, que durante anos se instalaram neste local e iniciaram suas atividades.
A comunidade que fica á beira da praia do sono e que deu origem ao nome, vive precariamente com os recursos naturais disponíveis no local, passando por inúmeras dificuldades como falta de apoio do governo para prover os meios necessários a educação e saúde básica.
Além destes problemas que narrei, passam por um grave problema de acesso a comunidade, pois o local é de difícil acesso, pois não possui estrada que dê acesso direto a vila, exprimidos entre o mar e a mata atlântica dentro da área de conservação ambiental de Cairuçu, só conseguem chegar ao local por uma trilha ou pelo mar.
Esta trilha é muito estreita e oferece vários riscos a quem se aventurar, pondo em risco moradores e visitantes.
A outra opção oferecida é pelo mar, que mesmo assim, esconde grandes perigos, tendo em vista que ficamos a mercê das condições climáticas que podem mudar de uma hora para outra e das condições de funcionamento do pequeno barquinho que conduz os moradores de um lado para o outro.
Próximo dali, se encontra o "condomínio Laranjeiras", um grande empreendimento, onde tudo parece, pertence a grandes empresários, que detêm um grande poder aquisitivo, claramente visível pela grandiosidade das mansões, pelo porte dos barcos ancorados próximos da costa, pelo vai e vem de carros importados dentro das instalações.
Esta dificuldade de acesso a comunidade da praia do sono tem causado um grande conflito de interesses, de um lado uma classe de pessoas que possuem pouco ou nenhum recurso financeiro, baixo nível de escolaridade, pouca representatividade política para lutar por seus direitos e de outro um grande império, com suas mazelas, grandiosidades culturais e econômicas, gozando de todos os recursos financeiros a seu dispor.
Esta luta de classes, gerou grandes conflitos e necessitou de intervenção federal para intermediar os interesses diversos, contando com o apoio do ministério público federal e do poder judiciário federal, contudo ainda há muita insatisfação de ambas as partes, pois um sempre dependerá do outro para uma convivência pacífica e harmoniosa.
O povo da comunidade da praia do sono depende economicamente de atividades primitivas como a pesca, o artesanato local e mais recentemente vêem explorando o turismo como fonte de renda, mas mesmo assim passam por grande dificuldade econômica.
Deixo como referência o site http://www.praiadosono.com.br/ , onde pode conferir maiores detalhes desta comunidade e da paradisíaca praia do sono, bem como o site http://www.paratytrindade.com.br/ , onde podem conhecer as belezas naturais da região de Paraty e Trindade.
O MPF ajuizou uma ação judicial em prol dos moradores e foi concedido aos moradores alguns direitos que permitirão o acesso a comunidade, passando pelo condomínio laranjeiras, ficando a cargo do mesmo a disponibilidade de transporte terrestre para condução dos moradores caiçaras até o cais de embarque e um barco para travessia da baía até o respectivo local da comunidade do sono.
Porém, mesmo com todas esta disponibilidade, parece que o problema não está totalmente solucionado, pois há algumas restrições de horários e quantitativo de pessoal, comprometendo o acesso de turistas ao local, que continuará tendo que utilizar a trilha para acesso a comunidade, com algumas exceções dependendo do caso.
Existe a possibilidade de construção de uma estrada de acesso a comunidade, mas que depende de um projeto do governo federal e de aprovação por parte dos órgãos ambientais.
Finalizando nosso artigo, convido a todos a conhecer a região e se maravilhar com a beleza rara e exuberante das matas e do mar, praias lindas e um povo altamente receptivo e acolhedor.
Vale a pena conhecer e desfrutar deste ambiente de paz e alegria!
Como chegar:
https://goo.gl/maps/1PZwVUgRmD82
Leonardo Silva
Repórter cidadão Brasileiro
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